Cerca de 48% da população da região sul do Brasil é atingida por algum nível de insegurança alimentar. Ou seja, quase metade dos moradores de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul não têm alimentação adequada. Apesar do alto número, a região é a menos impactada no país.
Entre 2013 e 2022, houve aumento gradativo de todos os níveis de insegurança alimentar na região. Enquanto há nove anos o Sul apresentava 14,9% das famílias em situação de fome, o percentual atingiu quase metade da população total em 2022 — o que significa um aumento de 33,1% . Os dados são da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar do Brasil.
Os estados do Norte são os que mais sofrem com a fome extrema, segundo a pesquisa. Na região, residem aproximadamente 17,5 milhões de pessoas e pelo menos 71% delas são atingidas pela falta de acesso a alimentos.
De acordo com o que explicam especialistas ouvidos pelo Diário Catarinense, a segurança alimentar é determinada pela renda mensal da população, condições socioeconômicas e fácil acesso a serviços públicos e mecanismos de proteção social - fatores que apresentam bons indicadores na Região Sul. Por isso, é esperado que a localidade tenha situação melhor do que outras, segundo a professora do Departamento de Nutrição da UFSC, Cristine Garcia Gabriel, e a estudante de doutorado no fortalecimento da segurança alimentar e nutricional, Milena Corrêa Martins.
O estudo aponta ainda que o país apresenta atualmente cerca de 33 milhões de pessoas sem ter o que comer diariamente, quase 14 milhões de pessoas a mais do que em 2020.
Entenda como é analisada a insegurança alimentar
Insegurança alimentar leve: há preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro, queda na qualidade dos alimentos por conta de estratégias para não comprometer a quantidade de alimentos
Insegurança alimentar moderada: redução quantitativa no consumo de alimentos para adultos
Insegurança alimentar grave: redução de alimentos também entre as crianças. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no lar
No Sul, 26,5% possui insegurança alimentar leve, 11,8% moderada e 9,9% grave.
Falta de água
Além da falta de alimentos, tem muitos brasileiros sem acesso adequado à água. No sul do Brasil, pelo menos 33,5% da população não possui acesso hídrico adequado.
Segundo o que explicam os especialistas, é preciso políticas específicas de abastecimento estrutural no combate às mudanças climáticas, de proteção aos recursos hídricos e de regularização do uso de mananciais.
Cerca de 12% da população brasileira sofrem com a falta de água. O norte do país segue sendo a região mais impactada — 48% da população tem restrição de acesso.
Fonte(s): NSC