A maioria das mulheres vítimas de feminicídio em Santa Catarina não tinha feito denúncias por violência doméstica. Os números do balanço da criminalidade do Estado de 2021, divulgados nesta terça-feira (18), revelaram que 82% das mulheres mortas estão nesta estatística, sem denúncias prévias ao assassinato.
O levantamento registrou 55 feminicídios em 2021. Uma das vítimas foi Deniza Soares Kukul, de 29 anos, mãe de dois filhos e morta com um canivete pelo marido, em frente à mãe, na volta de uma viagem em família. O crime aconteceu em Blumenau, no dia 28 de novembro. O homem foi preso quatro dias depois.
Apesar do ano que passou ter tido dois assassinatos de mulheres a menos que 2020, quando 57 sofreram feminicídio, a taxa de violência doméstica cresceu em 6,5% em 2021. Isso significa que 4.834 mulheres a mais foram vítimas ou de ameaça, calúnia, injúria, difamação, estupro, lesão corporal dolosa e vias de fato.
Os dados de violência doméstica são registrados desde 2019, mas em 2021, 67.270 mulheres foram vítimas de algum tipo de violência por pessoas que elas conheciam. Foi o maior número registrado em três anos.
Para a coordenadora das Delegacias de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcamis), delegada Patrícia Zimmermann D’Ávila, é na investigação do assassinato de uma mulher por uma pessoa próxima, que muitas vezes se descobre que ela sofria algum tipo de violência.
Foi o caso de uma mulher de 30 anos, que foi salva pela mãe, que denunciou que a filha era repetidamente espancada pelo namorado. O caso chocante de tortura aconteceu em Blumenau e foi descoberto pela polícia no início de janeiro. O ex-companheiro ameaçava a vítima e seus filhos, para tentar impedir que ela pedisse socorro. Em uma operação, o homem foi preso.
Segundo a delegada, quanto maior o número de registros de violência doméstica, menor o número de ocorrências de feminicídio.
O levantamento apontou que 82% dos homens que cometem feminicídio estão vivos. Destes, 11% estão foragidos e o restante foi preso em flagrante.
FONTE: NSC