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Homem é morto durante abordagem policial em SC, e família contesta resultado de inquérito

Publicada em 03/12/2021 às 07:23h - 121 visualizações

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Um homem foi morto asfixiado durante uma abordagem policial em praça pública em Orleans, no Sul catarinense. O inquérito da Polícia Civil já foi encerrado, mas a família da vítima contesta a tese de legítima defesa dos policiais. O laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP) de Criciúma, também no Sul catarinense, apontou que a causa da morte foi asfixia mecânica.

 

 "Eu vejo ele, eu vejo eles abordando, passando o braço pelo pescoço dele, eu enxergo isso toda noite quando eu ponho a minha cabeça no travesseiro. Isso dói, sabe?", afirmou Aline Cristiane Alves, irmã de Alisson.

 

O ex-professor de educação física aposentado por invalidez levou um mata-leão na abordagem, no fim da tarde de 26 de outubro na Praça Celso Ramos, Centro de Orleans. Ele entrou em luta corporal com três agentes da Polícia Civil. Em menos de 2 minutos, Alisson Luís Alves, 41 anos, estava morto.

 

O Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionados e tentaram reanimar o homem, mas não conseguiram.

 

A praça onde houve a abordagem fica atrás da Igreja Matriz. Mesmo sendo morador de Lauro Müller, uma cidade vizinha, Alisson gostava de passar o dia no local e frequentar a missa.

 

Segundo a Polícia Civil, no mesmo dia do confronto, um homem foi preso por crimes de cunho sexual na mesma praça. Moradores disseram a uma policial civil que Alisson também importunava crianças.

 

A família contesta a informação e diz que Alisson sofria de um distúrbio mental, foi morto antes de ter um processo de investigação aberto e não tinha passagens policiais.

 

"Ele vive um pouco no mundo dele, mas ele nunca foi um perigo pra sociedade, nunca!", afirmou a mãe, Zanete Alves.

 

Durante a investigação, o delegado responsável pelo caso, Túlio Falcão, disse que ouviu quatro pessoas, entre elas, mulheres e um policial militar.

 

"A mãe de uma dessas crianças disse que um dia antes dessa abordagem da polícia, ele assoviou e chamou a filha dela de sete anos pra um canto do parque, só que a sobrinha dela impediu".

 

O advogado da família, Alan Crocetta, por outro lado, disse que não houve flagrante para a abordagem.

 

"Segundo as próprias [mulheres] relataram, a própria criança teria dito que Alisson teria assoviado e feito um gesto de chamar a criança, só que isso não é crime, não existe tipificação penal pra isso. Então houve uma investigação errada por parte da polícia, até porque não tinha nenhum boletim de ocorrência instaurado".

 

O inquérito da Polícia Civil foi concluído em 25 de novembro. O delegado que investigou o caso sugeriu arquivamento.

Alisson sentou em um canteiro, conversou com os policiais e, em determinado momento, ele levantou de sobressalto, conseguiu passar a perna em um policial que estava a sua direita e derrubou ele no chão, lesionando bastante. Derrubou e ficou em posição de superioridade em relação ao policial. Nisso, os outros dois policiais, tanto o delegado, quanto a agente policial Fernanda, teve que desvencilhar Alisson de cima do policial Leonardo. Aí entra a técnica de imobilização e algemação que é treinada constantemente na academia de polícia", afirmou Falcão.

 

O advogado dos policiais, Sérgio Graziano, também se manifestou. "Não houve indiciamento. Isso é o mais importante. O delegado, ao terminar o inquérito, percebeu que não houve ilegalidade, não houve qualquer tipo de equívoco, qualquer tipo de excesso dos policiais. Muito ao contrário, eles agiram dentro do cumprimento das normas estabelecidas, dentro da legalidade. É uma tragédia, claro, aconteceu a morte de um cidadão, não é esse o desejo das pessoas, mas o que nós esperamos é que o Ministério Público entenda também dessa forma e não ofereça denúncia contra os policiais".

 

O caso foi encaminhado ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). O órgão informou recebeu o inquérito e analisava o documento até a noite desta quinta-feira (2). O MP pode tomar três decisões: solicitar mais investigação, denunciar os policiais à Justiça ou aceitar o arquivamento.

 

"A gente enxerga isso como um juízo de valores, uma intolerância social, eu acho que ele foi vítima disso", disse a irmã de Alisson.

 

Fonte(s): G1-SC




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