Sintomas de ansiedade, depressão, estresse e transtornos pós-traumáticos foram exacerbados pelo isolamento social e pelas adaptações na rotina em função da pandemia da Covid-19. Para abordar os reflexos do ano atípico, orientar como lidar com os desafios e a pressão de fim de ano o Núcleo de Atendimento Personalizado à Saúde (NAPS) da Unimed Chapecó promoveu, na última semana, a live “Saúde mental em tempos de pandemia”.
A transmissão ocorreu pelas redes sociais (YouTube, Instagram e Facebook) da cooperativa médica. Participaram a clínica geral e médica do corpo clínico da Unimed Chapecó Dra. Marcela Marçal e a psicóloga Deisy Parnof.
“Meu conselho para preservar a saúde mental é ter momento de lazer e convivência familiar de maneira segura e respeitando as orientações para evitar o contágio. Para quem está em home office a recomendação é respeitar os horários e diferenciar as rotinas profissionais e pessoais para manter um equilíbrio. Quando verificar que uma questão está gerando sofrimento e atrapalhando no dia a dia é necessário buscar ajuda profissional”, disse Marcela.
Segundo Deisy, o isolamento social prejudica grande parte da população. “Nós somos seres sociáveis e as mudanças foram drásticas: muitos deixaram de conviver com seus familiares por serem do grupo de risco e as crianças e adolescentes se privaram do contato social com as aulas a distância, por exemplo. Com isso percebemos um aumento significativo de transtornos mentais.”, comentou.
O desafio, segundo as profissionais, é analisar o ano com base nos aspectos positivos e negativos, uma vez que a tendência do ser humano é visualizar apenas as situações adversas. A pandemia trouxe como aprendizados dar valor ao que realmente é importante: maior tempo com a família, priorizar os cuidados pessoais pensando no coletivo, optar em atividades ao ar livre e a conexão com a natureza. Contudo, as profissionais estão preocupadas que a pandemia seja banalizada e os cuidados sejam reduzidos.
Marcela enfatizou que houve aumento significativo na procura da psicoterapia e na utilização de medicamentos. “Os pacientes com diagnóstico tiveram sintomas mais acentuados, enquanto que aqueles que nunca tiveram começaram a apresentar, buscando inclusive auxílio medicamentoso. Nesta questão é importante quebrar paradigmas, porque a indicação de fármacos é para auxiliar o paciente no tratamento e essa escolha precisa ser individualizada, conforme avaliação de sinas e sintomas”, argumentou a médica.
Muitos pacientes têm relatado o sentimento de luto, não apenas pelo falecimento de familiares e conhecidos pela covid-19, mas sim pelas perdas cotidianas que causam dores e sofrimento. “Esses sentimentos levam tempo para serem processados e geram sintomas depressivos e ansiosos. Neste ano vivenciamos muitos lutos, como perda do emprego, da rotina profissional e pessoal, de ter adiado planos e das expectativas criadas”, expôs Marcela.
Segundo Deisy, o luto não pode ser pulado ou mascarado. “Ele precisa ser vivenciado para não gerar doenças patológicas. Caso o paciente não sinta melhora deve procurar ajuda profissional e compartilhar sua dor com pessoas importantes de sua vida. Precisamos ressignificar nossos conceitos, pois não temos controle das situações ou do futuro. Se não está conforme planejou, então reinvente-se”.
A recomendação das profissionais é de manter a esperança para o próximo ano, valorizar o presente e avaliar se está aproveitando seus momentos na vida e no trabalho de maneira produtiva e gratificante. “Reflita: onde está seu foco? Consegue se autoanalisar? É grato pelas conquistas?”, questionou Deisy.
Fonte: ClicRDC.