Um frigorífico de aves em Ipumirim, no Oeste catarinense, foi interditado nesta segunda-feira (18) devido a irregularidades na prevenção ao novo coronavírus. A medida foi tomada durante fiscalização da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho, vinculada ao Ministério da Economia. A unidade tem 86 trabalhadores com Covid-19 que moram em Ipumirim e municípios vizinhos, conforme os fiscais.
A empresa é da Seara Alimentos, do Grupo JBS. Por nota, a JBS disse que adota protocolo rígido de prevenção seguindo orientação dos órgãos de saúde e que vai tomar medidas judiciais. Informou que lamenta o fechamento e que isso não reflete a realidade das operações e das medidas implementadas.
Conforme a Subsecretaria de Inspeção do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho (MPT-SC), houve casos de funcionários com Covid-19 ou que receberam prescrição de remédios que vêm sendo usados para tratar da doença que não foram afastados das funções.
A unidade tem 1,5 mil trabalhadores. Os 86 casos de coronavírus registrados até o momento são aproximadamente 14% do total de contaminados no Oeste e na Serra catarinenses.
Um inquérito civil para apurar as irregularidades está em andamento na Procuradoria do Trabalho no Município de Joaçaba (PTM). Os procuradores responsáveis avaliam quais medidas serão tomadas a partir do fechamento da unidade. O MPT-SC investiga ainda casos em Chapecó, no Oeste, e Nova Veneza, no Sul.
A cidade de Ipumirim tem, segundo os dados do governo de Santa Catarina, 30 pessoas com coronavírus.
Irregularidades
Os auditores encontraram aglomerações de trabalhadores especialmente na sala de corte e setor de evisceração, onde foi verificado distanciamento entre os empregados chegando a menos de 50 cm. Foram identificados ainda pessoas com sintomas gripais sugestivos de coronavírus que não foram afastadas do trabalho, recebendo apenas medicação e retornando à linha de produção.
A empresa vinha ainda mantendo em atividade mais de 40 trabalhadores que pertencem ao grupo de risco, em função de doenças crônicas ou outras condições de saúde. O caso mais grave foi de um trabalhador hipertenso que não foi afastado preventivamente do trabalho: ele pegou Covid-19, teve que ser entubado e ficou internado em uma unidade de terapia intensiva por 10 dias.
Outros casos verificados foram de outro trabalhador com hipertensão que estava com tosse havia uma semana, mas só foi afastado após um mal súbito enquanto trabalhava.
Interdição
Conforme o MPT-SC e a Subsecretaria de Inspeção do Trabalho, a interdição é uma medida administrativa e cautelar tomada para evitar mais adoecimento de funcionários.
A empresa pode recorrer à Superintendência Regional do Trabalho, mas isso não tem efeito suspensivo no fechamento, que deverá ser revertido quando houver comprovação das medidas exigidas pela auditoria-fiscal do trabalho.
Fonte: G1 Santa Catarina