A retirada da vacina contra a febre aftosa no Paraná, que foi oficializada na terça-feira com a assinatura de uma normativa pela ministra da Agricultura, Teresa Cristina, traz preocupações para Santa Catarina. No curto prazo, pelo aumento do risco sanitário. No médio e longo prazo, com a concorrência dos paranaenses na venda de carne suína.
O secretário da Agricultura de Santa Catarina, Ricardo de Gouvêa, disse que as 63 barreiras sanitárias da Companhia Integrada para o Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), sendo 37 com o Paraná, serão mantidas.
- Além de manter as barreiras estamos trabalhando para reforçar a fiscalização pois no momento em que faz a retirada é um período crítico, pois não tem a proteção da vacina e há risco de surgir algum foco. Outro ponto que não concordamos com o programa do ministério que está liberando a vacina sem a rastreabilidade do rebanho. Até encaminhamos um documento pedindo explicações mas não tivemos resposta disso – afirmou o secretário.
Ele ressaltou que Santa Catarina, que deixou de vacinar em 2000 e em 2007 conseguiu o Certificado de Zona Livre de Aftosa Sem Vacinação, colocou brincos de identificação em todo o rebanho. E mesmo assim ainda às vezes a fiscalização pega alguma carga sem comprovação de origem e até brinco falso.
- Sem a rastreabilidade como vamos saber que o animal é do Paraná ou se não é do Mato Grosso ou do Paraguai? Nós não vamos deixar entrar animais sem comprovação de origem – destacou Gouvêa.
O vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina e ex-presidente da Cidasc, Enori Barbieri, disse que apóia o secretário.
- A Faesc apóia a decisão de não retirar as barreiras pois o Paraná não vai colocar brincos nos bovinos alegando que tem muito custo. Quando Santa Catarina buscou o certificado na OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) propôs a identificação de 100% do rebanho. Não era exigência mas nós criamos esse modelo que foi aceito pelos mercados – disse.
Por isso a curto prazo nem Barbieri, nem Gouvêa acreditam em perda de mercado. Primeiro porque o Paraná terá que fazer dois anos de sorologia para garantir que não há vírus da aftosa circulando e somente depois disso precisa pedir certificado, que por enquanto é exclusividade de Santa Catarina. Segundo porque alguns mercados se abriram depois de sete, oito e até 11 anos após a certificação, como no caso da Coréia do Sul. Santa Catarina é o único a exportar para Estados Unidos, Japão e Coréia do Sul. Esses mercados representaram US$ 30 milhões nos primeiros nove meses. E Santa Catarina vendeu US$ 600 milhões no período, o que representa 57% do que o Brasil exportou em suínos.
Barbieri disse que o Paraná está de olho nesses mercados que pagam mais mas Gouvêa acredita que os vizinhos não terão o mesmo reconhecimento dos mercados, pela questão da rastreabilidade diferenciada de Santa Catarina. Além disso ele falou que o Estado busca outra medidas para se manter à frente, como a redução da brucelose e tuberculose no rebanho a níveis insignificantes.
Fonte: Diário Catarinense