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Adolescente de 14 anos dá à luz a trigêmeas no Rio Grande do Sul

Publicada em 04/07/19 às 14:55h - 558 visualizações

por Rádio Emy10


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 (Foto: Natalia Ribeiro)

Na astronomia, há um asterismo, ou um conjunto de estrelas, intitulado “Três Marias”. Na vida de um jovem casal de Lajeado, as estrelas nascerem no dia 22 de junho, no Hospital Bruno Born (HBB). São elas que irão brilhar e, talvez, orientar os caminhos da nova família. Uma menina de 14 e um rapaz de 18 anos são os pais das pequenas estrelas, que nasceram prematuras, de 30 semanas. Batizadas de Maria Sofia, Maria Eduarda e Maria Clara, elas seguem internadas no hospital, em Lajeado/RS.

A história da nova família teve início na noite de 06 de novembro de 2018. Foi quando os adolescentes se encontraram em uma festa no Centro de Lajeado, na localidade conhecida como “Cantão”. À época, o pai das meninas, Artur Lucildo Trindade, tinha 17 anos. Hoje está na maioridade. Ele conta sobre o encontro.

“Ela foi lá (na festa) e acabamos nos conhecendo e ficando. Foi nessa noite que acabou rolando. Fomos ficando e nos conhecendo. Só que nisso ela já estava grávida, mas ninguém sabia. Ela tinha notado, mas não sabia se era ou não era”. Antes da festa, Artur viu a menina nas redes sociais. Talvez, foi quando se apaixonou.

A garota o conheceu na balada. “Eu nem sabia que ele existia. Só que ele já sabia que eu existia por conta das redes sociais”, fala ela. Ambos imaginam que a gravidez das trigêmeas tenha ocorrido naquela noite. Por isso, o pai, Artur, tem a data na ponta da língua. “Ficou marcado porque praticamente foi o dia que ela engravidou”, diz.

Não foi só pela gravidez que o dia não foi esquecido. O 06 de novembro de 2018 marca o começo de uma nova família. Com o amor transbordando pelos olhos, eles passam boa parte do tempo com as mãos dadas. É a forma como o corpo mostra que estão unidos para enfrentar os desafios a partir do nascimento das meninas.

O parto

O relógio marcava meio-dia, em 21 de junho, quando a adolescente, grávida de sete meses, acordou e percebeu que a bolsa havia estourado. Com a calma que aparenta ter, tomou banho, se maquiou e foi para o Hospital Bruno Born com o namorado. Antes do parto, uma cesariana, ela fez a segunda ecografia da gestação.

O primeiro exame, feito em abril, mostrou que havia duas crianças. O casal não sabia qual seria o sexo dos bebês. A mãe lembra que “já estava pensando que se fossem duas iria ser Maria Eduarda e Maria Sofia. E se fosse menino e uma menina iria ser Maria Sofia e Victor Miguel. Só que como veio mais uma, do nada, eu tive que escolher na hora. Então eu coloquei Maria Clara”.

Momentos antes do parto, eles descobriram a terceira menina. Seriam as três marias. A surpresa da gravidez, concebida de forma espontânea, bem como a mudança de vida dos dois foi ampliada por mais um descobrimento. “Não acreditei, pra falar bem a verdade”, diz ele. “Eu fiquei tipo paralisada. Nem sabia o que pensar na hora. Veio um monte de coisas na minha cabeça”, relata a mamãe.

Quando soube da chegada das meninas, e da novidade da terceira neta, a avó paterna Zenaide Luísa Wendt, 43 anos, não titubeou e decidiu que levaria todos para morar no seu apartamento. “Quando eu vi elas lá dentro, no hospital, não tive dúvida. Não posso largar. Eu quero ajudar, quero que estejam junto comigo. Quero estar junto com a mãe. Separar não dá. O coração não deixa”, coloca Zenaide. Por enquanto, só o casal está com ela.

Rede de auxílio

Zenaide, a avó paterna, teve três filhos homens. Agora, ela quer ajudar na criação das meninas, as filhas mulheres que não teve. “Eles vão precisar de alguém e eu estou disposta a isso. Estou abrindo mão de muita coisa pra ajudar, para que os bebês fiquem com a gente, com os pais. Eu quero depois estar pertinho deles, que eles tenham o lugar deles, formar o cantinho deles para terem uma família”, coloca.

Além do auxílio e do apoio incondicional, a avó paterna tenta a guarda da adolescente, por meio de um termo de responsabilidade. Ela já se reuniu com o Conselho Tutelar de Lajeado. O próximo passo é o Ministério Público. A única renda da casa será de Zenaide, que trabalha com serviços gerais. O rapaz pediu demissão durante a gestação, visto que a menina estava enfrentando dificuldades.

Como as três Marias nasceram prematuras, pesando cerca de 900 gramas cada, estão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital Bruno Born, em Lajeado. A situação é considerada estável. Nesta terça-feira (02), o peso das meninas era de aproximadamente um quilo. Elas ficarão na casa de saúde até alcançarem dois quilos. Os pais vão três vezes por dia no HBB. A mãe tira leite para amamentá-las. “Eu tô louca para ter elas aqui. Meu Deus do céu. Não aguento mais”.

Os dois não pensam em ter mais filhos. Ainda estão digerindo as novidades e refletindo sobre o futuro. Para depois, o pai, Artur, quer a família toda reunida. “Penso em nós com as nenês. Se der certo, morar sozinho, ter uma vida como uma família normal leva”, projeta.

Probabilidades da gestação

Uma em cada dez mil gestações espontâneas são de trigêmeos no Brasil. A estimativa é apresentada pelo médico Marcos Höher, especialista em Reprodução Humana e coordenador do Centro de Reprodução Humana (CRH) do Hospital Bruno Born. As informações são de uma pesquisa realizada em 2000. Em casos induzidos, de fertilização, as chances aumentam – o que não ocorreu com o jovem casal.

Como os pais têm histórico de gêmeos em suas famílias, a menina com a avó e o rapaz com tias e primos, aumenta a chance de terem gêmeos numa nova gravidez, segundo o médico. Höher garante que a gestação da lajeadense é rara.

Ajuda às Três Marias

Ao saber do nascimento das trigêmeas, muitas pessoas de Lajeado e região iniciaram campanhas de auxílio. O que a família pede, no momento, são fraldas tamanho recém-nascido (RN). No entanto, roupas, produtos de higiene e depois artigos de bebês são bem recebidos. Carrinhos de passeio e berços já foram doados.

Interessados em colaborar podem fazer contato com a avó paterna, Zenaide, pelo telefone (51) 9 9545-4266 ou com a amiga da família, Elizete, no 9 9284-7230. Uma campanha ocorre na recepção do HBB, onde as meninas estão internadas.

Fonte: Gazeta Regional Online




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