A Polícia Civil de Minas Gerais, desde o rompimento da barragem da Vale, na mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), no dia 25 de janeiro deste ano, já pediu a retirada de 17 nomes da lista de desaparecidos. Segundo a polícia, dos 17 nomes tirados, 11 tinham erros de grafia, estavam duplicados ou eram de pessoas vivas, que não havia comunicado às autoridades. Outras seis foram por estelionato. A tragédia deixou 224 mortos, até o momento.
Segundo informações do Diário Catarinense, em um dos casos identificados, um homem vindo de São Paulo alegava ter perdido o irmão na tragédia. Ele chegou a ter DNA coletado para ajudar na identificação do corpo, conseguiu passagens, hospedagem e alimentação custeados pela Vale e estava prestes a encaminhar um requerimento para pedir o pagamento de R$ 100 mil feito às famílias que perderam parentes na tragédia. O irmão dele, porém, foi localizado trabalhando como vendedor ambulante em Praia Grande (no litoral paulista).
A polícia descobriu ainda que o falso desaparecido era foragido da Justiça de Santa Catarina, onde tinha um mandado de prisão aberto por homicídio. Os dois irmãos foram presos.
Em outro caso, uma mulher registrou o irmão morto desde 2010 como uma das vítimas. A polícia abriu inquérito por tentativa de estelionato.
“As pessoas que foram presas em flagrante delito nessas tentativas de fraude são pessoas de outros estados. Pessoas que tiveram passagens aéreas, hospedagem, alimentação, tudo financiado pela Vale. Vieram de longe para cometer a fraude”, afirma a delegada Ana Paula Gontigo, titular em Brumadinho e que investiga os nomes nas listas de desaparecidos.
De acordo com a delegada, o fato de o Brasil não ter experiência para lidar com grandes tragédias pode ter facilitado a ação dos golpistas.
Como ninguém sabia quantas pessoas poderiam ter sido mortas ou atingidas pela lama após o rompimento, isso abriu oportunidade para que inserissem os nomes falsos.
Quase 70 dias depois do desastre, com a lista diminuindo, a polícia pretende investir mais no trabalho de investigação sobre cada um dos desaparecidos. Entre os 69 nomes, há 18 pessoas cujos familiares ainda não compareceram ao Instituto Médico Legal (IML), em Belo Horizonte, para fazer a coleta de DNA para a identificação das vítimas.
“O trabalho da Polícia Civil ajuda com o trabalho dos Bombeiros, porque esse número de pessoas que ainda faltam ser encontradas influencia diretamente na logística e no planejamento da execução de atividades deles nas buscas”, diz a delegada.
FONTE: Clic Rdc