A Arábia Saudita barrou a importação de carne de frango de 5 dos 30 frigoríficos do Brasil que forneciam para o país, afirma a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O mercado saudita é o maior comprador desse produto brasileiro.
Segundo a entidade, o governo foi comunicado da medida pelos árabes na última segunda-feira (21). A ABPA afirmou que o embargo foi causado por "critérios técnicos", mas não especificou quais.
O Ministério da Agricultura não comentou a suspensão, apenas divulgou quais são os frigoríficos autorizados atualmente (veja a lista ao fim da reportagem).
De acordo com a ABPA, entre as unidades suspensas, uma é da JBS e outra é da BRF, que estão entre as maiores do setor.
Ambas as empresas têm outros frigoríficos que continuam liberados para exportar para a região. Procuradas, elas não comentaram o assunto.
Inspeção em outubro
A decisão foi tomada após uma missão técnica de inspeção feita em outubro passado pela autoridade sanitária saudita (SFDA Saudi Food and Drug Authority), informou o Itamaraty.
O presidente da ABPA, Francisco Turra, esteve em Brasília nesta terça (22) para se reunir com o Ministério da Agricultura. Ele disse ao G1 que, ao todo, 58 frigoríficos estavam habilitados a vender frango para a Arábia Saudita, mas somente 30 estavam exportando.
Turra afirmou que não podia informar quais são todas as 5 unidades suspensas porque ainda não tinha recebido o comunicado sobre o embargo.
Ele disse que, por conta disso, também não é possível mensurar o impacto da medida na exportação de frango para a região. "Pode ser que eles passem a comprar mais de outros frigoríficos", observou.
A Agricultura informou que os 25 frigoríficos que permanecem autorizados a exportar para a Arábia responderam por 63% das vendas de frango do Brasil para aquele país em 2018, o que corresponde a 437 mil toneladas.
Embaixada
"O pessoal está se antecipando ao inimigo", disse nesta terça o vice-presidente Hamilton Mourão, ao responder a uma pergunta sobre se a decisão da Arábia Saudita seria uma retaliação à intenção do governo de transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
Na declaração, Mourão não deixou claro se ao falar em "pessoal" estava se referindo à Arábia Saudita. Procurada pelo G1, a assessoria da Vice-Presidência informou que ele se referia a "analistas e comentaristas de mercado".
Para o presidente da ABPA, não há motivo político para a suspensão. Francisco Turra destacou que, no mesmo comunicado enviado ao governo, as autoridades árabes deixaram aberta a possibilidade de que frigoríficos ainda não habilitados peçam esse aval ao governo brasileiro.
G1 SC