Vingança por uma dívida de cerca de R$ 40 mil, promessas não cumpridas de pagamento, ameaças e a tentativa de enganar um dos investigados estão entre as motivações da chacina que matou cinco pessoas, quatro da mesma família, em Florianópolis em 6 de julho, segundo a Polícia Civil. Sem antecedentes criminais, um dos suspeitos de planejar o crime, declarou à polícia que se baseou em um seriado de TV para matar as vítimas.
Conforme o delegado Ênio Mattos, da Delegacia de Homicídios da Capital, além dos dois presos temporariamente, um na sexta-feira (10) em Santa do Livramento (RS), ainda sem data para ser transferido para Santa Catarina, e outro na madrugada de sábado (11) em São José, na Grande Florianópolis, há um terceiro envolvido no crime, que ainda não foi identificado. Todos eram moradores de Santa Catarina, afirmou Mattos.
Vítimas
A chacina ocorreu em 6 de julho. Morreram o viúvo e empresário Paulo Gaspar Lemos, 78, e os três filhos dele: o empresário Leandro Gaspar Lemos, 44, Paulo Gaspar Lemos Junior, 51, que tinha deficiência intelectual, e a artesã Katya Gaspar Lemos, de 50. Com exceção de Leandro, todos moravam no apart-hotel. A quinta vítima era Ricardo Lora, sócio da família.
Segundo a Polícia Civil catarinense, o primeiro suspeito foi preso na fronteira com o Uruguai. A identificação do jovem foi feita por trabalho de perícia e de investigação da Delegacia de Homicídios de Florianópolis.
A polícia gaúcha informou que o jovem foi encaminhado ao presídio local e colocado à disposição da Justiça catarinense.
Dívidas
Segundo a delegada de homicídios Salete Mariano, um dos criminosos havia trabalhado para a família e não teve os serviços pagos.
“Houve promessa de pagamento, conversa, mas a dívida não foi honrada. Além disso, uma pessoa da família quis enganá-lo e teria até ameaçado um dos investigados”, relatou Salete.
Paulo Lemos teria dívidas de mais de R$ 300 milhões, mas as investigações apontam que os criminosos quiseram se vingar de um débito de Leandro. "Era mais o filho. Mas aí acabaram levando tudo porque é a família. É aquilo que estava [escrito] lá [no local do crime]: 'acabaram com nossa família, chegou a vez de vocês'".
O pai era acusado na Justiça paulista por estelionato. Em Santa Catarina, chegou a responder pelo crime de calúnia, enquanto Leandro por apropriação indébita.
A polícia disse ainda que os assassinos não agiram a mando de ninguém e que a dívida de Paulo era com um deles. Uma funcionária que chegou a ser mantida refém no dia dos homicídios conseguiu fugir e sobreviveu.
"Facilitaram porque deixaram as amarras dos braços e das pernas fracas e ela conseguiu se desvencilhar e sair. Não sei por qual razão, mas deixaram a dela mais fraca. Seguramente porque não era da família", disse Mattos.
Crime
Três homens armados chegaram ao apart-hotel, em Canasvieiras, no Norte da Ilha, na tarde de 5 de julho e renderam seis pessoas. Eles estavam encapuzados e usavam luvas. Os criminosos chegaram a procurar um cofre, mas não encontraram.
Uma das vítimas rendidas, funcionária do local, conseguiu fugir e acionar a polícia, que chegou por volta das 0h30 e encontrou os corpos. Havia gasolina espalhada e não houve registro de disparo de tiros.
As vítimas estavam amarradas, de barriga para baixo e chegaram a ficar oito horas sofrendo tortura psicológica até serem mortas por asfixia.
G1 SC