Um servidor do Tribunal Regional do Trabalho em Santa Catarina (TRT-SC) usava a senha dele para conseguir informações e poder desviar dinheiro que deveria ser usado para pagar ações trabalhistas, apontam as investigações da Polícia Federal na operação Perfídia, deflagrada nesta quinta-feira (9) em Criciúma, Cocal do Sul e Urussanga. O esquema teria começado em 2010 e, desde então, teriam sido desviados mais de R$ 10 milhões.
"Esse servidor utilizaria sua senha pessoal do sistema de acompanhamento processual para obter as informações dos processos judiciais e dos valores depositados em conta, fazia emissão da guia de levantamento ou do ofício judicial, e na sequência inseria ali um beneficiário que seria um dos integrantes da organização criminosa", disse o delegado Rafael Broietti, da PF.
Conforme a PF, esse servidor teve o afastamento cautelar determinado enquanto ocorrem as investigações e vai ser monitorado por tornozeleira eletrônica. Na operação, foram cumpridos 8 mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva, contra um ex-servidor do TRT, que perdeu o cargo por causa de outro processo que respondeu por peculato.
A PF começou a investigar o caso há cerca de um mês, depois que juízes e servidores da Segunda Vara do Trabalho no município perceberam o esquema. A PF diz que o dinheiro bloqueado de empresas processadas, que ficavam em contas do Banco do Brasil (BB) e da Caixa Econômica Federal (CEF) e que deveria ser usado para pagar ações trabalhistas, eram desviados.
Segundo a PF, o desvio de mais de R$ 10 milhões foi somente nas contas do Banco do Brasil. Ainda precisam ser analisadas as contas da Caixa Econômica Federal. O montante desviado ia para duas empresas: uma que promove eventos e outra de construção e transportes.
"Foram decididas medidas de quebra de sigilo bancário e fiscal, a fim de poder rastrear o destino ali desses valores que foram desviados", disse Broietti.
G1 SC