A chegada de Guto Ferreira como técnico da Chapecoense confirma uma tradição do clube desde que subiu para a Série A: nunca o time terminou a competição com o mesmo treinador que iniciou. Na segunda-feira à noite, Gilson Kleina foi demitido.
A escrita começou no primeiro ano da Chape na elite. Em 2014, o histórico de Gilmar Dal Pozzo não pesou a favor quando ele somou apenas dois pontos nos primeiros seis jogos na competição. Foi com o técnico que o Verdão ascendeu às Séries B e A. Ainda assim, saiu com boa relação com a direção, recebendo até placa em homenagem ao trabalho realizado.
Interinamente, assumiu Celso Vieira, que conseguiu bons resultados mas foi substituído por Jorginho, com um futebol ousado, que deu resultado, como no histórico 5 a 0 sobre o Internacional. Mas, após derrota para o Vitória, em casa, foi Celso que retornou para garantir a permanência na elite.
– Temos que criar um fato novo para reverter essa situação – disse o então presidente, Sandro Pallaoro.
Em 2015, Vinícius Eutrópio fez a melhor campanha do time num turno, com 28 pontos. Mas, depois de uma sequência de seis jogos sem vencer, foi demitido. Chegou Guto Ferreira, que conseguiu manter o time na elite e, no ano seguinte, foi campeão catarinense.
Ao contrário da maioria, Guto não foi demitido, mas preferiu aceitar uma proposta do Bahia, que estava na Série B. Então, Caio Júnior fez boa campanha no Brasileirão e levou o time para a final da Copa Sul-Americana, até ser uma das 71 vítimas da tragédia aérea na Colômbia.
No ano passado, Vagner Mancini começou o Brasileirão, dando lugar para Vinícius Eutrópio quando os resultados começaram a piorar. Ele também não durou muito tempo até e chegada de Gilson Kleina, que conseguiu uma sequência de dez jogos sem derrota, a oitava melhor colocação no Brasileirão e vaga para a Libertadores.
Em 2018, começou sobrando no Campeonato Catarinense, fez a melhor campanha, mas perdeu a final em jogo único para o Figueirense. A derrota ficou entalada. No Brasileirão, oscilou, mas se manteve até a Copa do Mundo pela invencibilidade em casa e a classificação para as quartas de final da Copa do Brasil.
No entanto, após a Copa do Mundo, e com o grupo desfalcado, o time não conseguiu mais vencer. Novamente, a direção entendeu que o comandante não estava fazendo o time reagir. Nesse caso, caiu junto o diretor Rui Costa. Resta saber se a estratégia de tirar treinador para “chacoalhar” o grupo e conseguir as vitórias necessárias para escapar vai dar resultado mais uma vez.
OS 7 DESAFIOS DE GUTO FERREIRA
SAIR DA PIOR CAMPANHA
Em 17 rodadas, a Chapecoense fez 18 pontos, a pior campanha de sua história até
esta rodada. Só não está na zona de rebaixamento porque tem um ponto a mais que
o Santos, que tem um jogo a menos.
VOLTAR A VENCER
A Chapecoense não venceu depois da Copa do Mundo. Fora seis partidas disputadas
- cinco pelo Brasileiro e uma pela Copa do Brasil. Tem apenas três vitórias no
Campeonato Brasileiro, o pior desempenho ao lado de Atlético-PR, Paraná e
Ceará, que são times no Z-4.
PRIMEIRA VITÓRIA FORA
Em nove jogos como visitante, a Chapecoense não venceu: empatou quatro e perdeu
cinco.
GANHAR A CONFIANÇA DO GRUPO
Guto Ferreira chega em um grupo que não foi montado por ele e que jogadores
pediram a permanência do técnico Gilson Kleina à diretoria.
MELHORAR A RELAÇÃO DO TIME
COM A TORCIDA
O torcedor tem apoiado o time, com média de público de 7 mil pessoas por jogo,
mas nas redes sociais há reclamações de que o time não cumprimenta o torcedor.
Ou seja, a empatia não está das melhores.
RECUPERAR JOGADORES
Alguns atletas, como Canteros, não passam por boa fase.
REMONTAR O TIME
Após a saída de atletas como Apodi, Arthur e Luiz Antônio, e a chegada de
reforços como Yann Rolim, Diego Torres, Victor Andrade e Rafael Pereira, o
treinador precisa encontrar um novo time titular.
Diário Catarinense