Mais da metade dos catarinenses estão endividados, segundo uma pesquisa da Fecomércio. São 59% dos consumidores, desses 19% estão inadimplentes, ou seja, já estão no vermelho, e 9% não vão conseguir pagar suas contas. O cartão de crédito é maior vilão, depois vem os famosos carnês e os financiamentos.
Na segunda reportagem da série Seu Dinheiro Vale Mais, o Bom Dia Santa Catarina mostra exemplos de pessoas que conseguiram se livrar do endividamento e o alerta que fazem os economistas.
Quando o assunto é dívidas, são poucos os que assumem que já tiveram. Depois da separação, José Ronaldo Pereira Júnior, desenvolvedor de software, viu a sua vida financeira mudar da noite para o dia.
"Eu precisava de um montante de dinheiro pra sair da casa da minha ex-mulher e pra poder começar a vida nova. Aí eu fiz um empréstimo, comecei fazendo um empréstimo com garantia do carro... só que eu não soube administrar que eu estava solteiro, com menos aporte financeiro e com mais dívidas", explicou.
José deixou de pagar o cartão de crédito, cheque especial em dia, os juros foram aumentando e sua dívida também.
"Eu precisei fazer uma mensuração dela [dívida] e coloquei numa planilha o que eu estava devendo, e estava em mais ou menos R$ 30 mil", contou José.
Para reverter a situação, ele teve que se organizar financeiramente. "Mas o que essa readequação fez de importante pra mim? Ela me deixou claro que eu não precisava abrir mão de coisas importantes pra mim, eu precisava apenas colocar o que é importante numa lista", contou.
No caso do agricultor Olidemar Luzzi, o problema foi que ele deu o passo maior que a perna. Ele era suinocultor e estava passando por dificuldades financeiras. Mesmo assim decidiu investir, só que alto demais. Ele buscou financiamento e não conseguiu dar conta do pagamento.
"O juro era meio alto, sempre foi meio alto né, e a gente não conseguiu, a gente chegou a um ponto extremo, vou dizer assim, no fundo do poço, de ter parte da propriedade que foi à leilão para amenizar, para abater parte das dívidas", contou o agricultor.
Com muito planejamento seu Olidemar conseguiu comprar o terreno de volta. Hoje a propriedade é referência na agricultura orgânica.
Situações como a de José e do seu Olidemar são muito frequentes, dizem os especialistas. Para o economista Airton Zolet as pessoas devem se planejar muito, não gastar mais do que ganha e fugir dos juros altos.
"Se ele mudar e guardar o dinheiro ele muda a história da vida dele, não dá pra pagar juros no Brasil. É importante que ele descubra qual é o seu padrão... aí não vai ter excesso de consumo, não vai ter excesso de despesa e ele não vai entrar no endividamento".
Para sair do endividamento, na opinião dele, é preciso planejamento. "A primeira atitude é anotar tudo, escrever tudo e descobrir quanto é a sua renda líquida, mesmo porque a partir da sua renda líquida que você vai conseguir sair do endividameneto, mas vai levar tempo. Para entrar é rápido, para sair leva muitos anos", conclui.