Uma investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) no Paraná levou a prisão de 14 policiais rodoviários estaduais.
As imagens obtidas pelo Jornal Nacional estão borradas, e mostram os policiais militares rodoviários contando o dinheiro dentro de uma viatura. Uma, duas, três, várias vezes. Em outras gravações, eles aparecem tirando dinheiro dos bolsos, de dentro da própria farda.
Os vídeos fazem parte de uma investigação do Ministério Público do Paraná, que começou há oito meses, depois de uma denúncia. A partir de então, os suspeitos começaram a ser monitorados por escutas telefônicas e por uma câmera escondida em um dos carros da Polícia Rodoviária Estadual.
O grupo atuava na Região Sudoeste do Paraná. Segundo os promotores, os policiais cobravam propina para liberar a passagem de motoristas em situação irregular.
Os promotores também analisaram imagens, feitas por um investigador infiltrado num ônibus de sacoleiros. Ele registrou o que seria o momento do pagamento de propina.
Em algumas gravações, os policiais comentam o sucesso da arrecadação.
"Pô, deu bom o plantãozinho, hein?"
Todos os policiais que aparecem nas imagens da reportagem foram presos. Os investigadores apreenderam dinheiro, documentos, armas, munição e celulares.
Os suspeitos foram afastados das funções, e podem responder por corrupção, organização criminosa e peculato, que é o desvio de bem público para benefício próprio.
"A investigação, principalmente as imagens, nada mais são do que cenas explícitas de corrupção. Notas de cem, de 50. As vezes grandes quantias, as vezes quantias menores, então não há um valor efetivo recebido por mês, mas são quantias consideráveis. Se você multiplicar pelo número de dias, já que todos os dias há plantão de policiais praticando isso, você consegue imaginar que são valores consideráveis, muito mais, certamente, do que eles ganhariam simplesmente com o salário que eles recebem do estado pela profissão e pela função que exercem", declarou o promotor de Justiça Roberto Tonon Júnior.
A Polícia Militar do Paraná afirmou que participou de toda a investigação, e que se for comprovada a reponsabilidade dos agentes, vai adotar os instrumentos adequados na forma legal.