Medicada e na companhia de familiares, a irmã dos jovens chapecoenses mortos no acidente na BR-282 na última terça-feira, em Vargem, no Meio-Oeste, deu entrevista ao DC. Na tarde desta quinta, Michele Moreira falou sobre os sonhos interrompidos pelos seis membros da família na tragédia. Ela perdeu os dois irmãos, Pablo Arruda Moreira, 18 anos, e John Antônio Moreira, 24 anos, além das cunhadas Talia Rosa, 17 anos, mulher de Pablo, Taís Riva, 18 anos, mulher de John, e os dois sobrinhos, o bebê Otávio, filho de Pablo e Talia, e o feto de apenas quatro meses e meio carregado por Taís.
Os seis foram enterrados nesta quinta-feira pela manhã, no Cemitério Jardim do Éden, na presença de uma multidão de amigos e familiares. A família decidiu dar nome ao filho esperado por Taís, na lápide construída para ele e os pais. Com quatro meses e meio de gravidez, o casal ainda não tinha a confirmação do sexo do bebê e aguardava novo exame em janeiro para saber.
— Eles viajavam todos os anos. Queriam aproveitar uma última viagem sozinhos. Planejaram isso — relata Michele. John e Taís estavam há cinco anos juntos, em união estável há um ano e meio.
A dor aumenta quando Michele lembra que o irmão mais novo, Pablo, completaria 19 anos nesta sexta-feira. Com a voz embargada, só consegue dizer uma palavra ao tentar conter o choro:
John tinha uma prótese na perna direita, implantada após um acidente de moto, há oito anos, no centro de Chapecó. Superou o trauma e, segundo Michele, bem humorado, sempre fazia brincadeiras com a perna "mecanizada".
Na noite do acidente, Michele conta que os quatro ligaram para a família no viva voz às 19h10min. Estavam um pouco à frente de Lages, a uma hora e 20 minutos do acidente.
Michele e a família ainda não sabem direito a causa do acidente. Não sabem se aconteceu algo, se Pablo se perdeu na curva, se houve tentativa de ultrapassagem. Esperam o laudo da polícia para terem certeza. Até lá, Michele, os pais e toda a família, à base de medicamentos, buscam forças para superar a perda das seis vidas.