Dos três estados do Sul, Santa Catarina é o único que não possui pedágios nas rodovias estaduais, ao contrário dos vizinhos paranaenses e gaúchos, que optaram há mais de 20 anos por entregar suas estradas à iniciativa privada. Mas o cenário deve mudar. O motivo é a persistente crise fiscal e econômica, tornando cada vez mais difícil conseguir recursos para a manutenção da infraestrutura viária.
Diante do quadro, o governo estadual resolveu modificar a estratégia. A aposta agora é justamente em conceder algumas SCs. A iniciativa é capitaneada pela Secretaria de Estado do Planejamento, sob o comando de Murilo Flores, ao lado do governo federal. Em um primeiro momento, a opção é por algo inédito no país: leiloar rodovias federais e estaduais juntas, em um mesmo pacote.
O primeiro deles, cuja concessão deve ocorrer entre 2018 e 2019, terá a BR-470 e a rodovia Jorge Lacerda (SC-412), no Vale do Itajaí. Em seguida, o cronograma prevê a entrega ao setor privado da BR-280, ao lado da Rodovia do Arroz (SC-108) e da Serra Dona Francisca (SC-418), no Norte Catarinense.
Outra rodovia que está no radar das concessões é a SC-283, no Oeste, mas ainda não há prazo, pois ela deve entrar no mesmo pacote da BR-282, ainda em fase de estudos.
Ao defender esse sistema, o secretário admite a incapacidade do estado em manter suas estradas em boas condições. "A gestão das rodovias é muito difícil de ser executada pelo estado. A concessão é uma medida correta. Consideramos justo que a manutenção seja paga por quem usa o trecho. É um conceito consolidado no mundo", diz Murilo Flores.
Em paralelo, o governo do estado também trabalha com outra linha de concessões sem a parceria do governo federal. No caso, seria feito um sistema de polos. Em determinada região do estado ocorreria o leilão conjunto de várias rodovias, mas apenas algumas delas conteriam pedágio, com um adicional para a manutenção das demais. O modelo ainda está sendo analisado e deve ter sequência.