O Mato Grosso do Sul inaugura na ultima semana, o primeiro frigorífico para abate de jacarés do Estado. Localizado na área do Pantanal, em uma fazenda de 154 hectares às margens da BR-262, a 30 km de Corumbá (MS), o abatedouro tem autorização governamental do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) para funcionar e faz parte do projeto Caimasul, um complexo industrial que engloba criação, engorda e abate desses animais.
Além da carne de pouca gordura, tudo se aproveita do jacaré. As partes não comestíveis, cabeças e patas, são empalhadas e vendidas como artesanato. Já a pele serve até como chaveiro.
Construído apenas com recursos privados, foram investidos R$ 30 milhões no complexo. Já no primeiro mês, a produção deve chegar a sete toneladas de carne e 2.300 peles. Na fazenda, estão confinados 79 mil animais, sendo que 30 mil deles já estão prontos para o abate.
De olho no nicho de carnes exóticas aqui no Brasil e no mercado internacional de peles de jacaré, os empresários esperam recuperar o investimento em no máximo dez anos. Inicialmente, as exportações de pele serão feitas para os Estados Unidos.
Em 2019, o projeto terá 250 mil jacarés em cativeiro. Deverá abater 100 mil animais por ano, produzindo 350 toneladas de carne e 100 mil peles. Segundo a empresa, o faturamento anual será então de R$ 50 milhões, com a oferta de 300 postos de trabalho, entre diretos e indiretos.
O frigorífico tem baias para jacarés, curtume, fábrica de ração -feita com miúdos bovinos e farinhas-, loja de artesanato, administração, setor de transporte e estação de tratamento de efluentes.
Os jacarés são confinados em baias de 52 m2 cada uma. Hoje são 120 viveiros. Cada unidade recebe 1.800 animais recém-nascidos, que são separados por mês de acordo com o tamanho.
Após 18 meses, cada baia comporta, em média, 350 animais. É neste ponto que tem início o abate, feito com uma pistola de ar comprimido desenvolvida especialmente para o jacaré. O sistema é semelhante ao que os frigoríficos usam para abater bovinos.
O animal é abatido com peso médio de 10 kg. Os preços variam de R$ 45 (o quilo do corte da carne com osso) a R$ 70 (embalagens com filés com meio quilo).
Metade da carne produzida no Pantanal será vendida no Mato Grosso do Sul. O restante irá para São Paulo, Minas Gerais, Rio, Alagoas, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.