Em Santa Catarina, 713 motociclistas morreram em acidentes de trânsito de janeiro a agosto de 2017. São 28 a mais do que no mesmo período de 2016. Com isso, a média é de três mortes por dia no estado, como mostrou o NSC Notícias.
Atualmente, metade dos acidentes de trânsito atendidos pelos bombeiros envolvem motociclistas. De janeiro a agosto, o Corpo de Bombeiros Militar atendeu 19.262 acidentes de trânsito, 9.587 deles com motos. São 277 acidentes com motociclistas a mais que nos oito primeiros meses de 2016.
Um dos sobreviventes é Jackson Rodrigues. Em 1º de setembro, ele trafegava na BR-470 em Blumenau, no Vale do Itajaí, quando um motorista fez um retorno em cima da pista, o que é proibido, e o motociclista colidiu com o carro. Jackson foi lançado para o alto e deu vários giros no ar antes de cair no asfalto (veja vídeo acima). "Não consegui frear, não consegui puxar pro lado. Não deu tempo de reação", disse ele.
O correto seria o condutor do carro seguir até o próximo trevo para fazer o contorno. Jackson passou por três cirurgias. Ficou 10 dias no hospital e ainda vai levar meses para voltar à rotina. "Quebrei a bacia, quebrei o fêmur, quebrei o braço em várias partes. No mínimo aí uns seis meses de cama até conseguir caminhar", disse.
Demanda para hospitais
"A demanda que a gente tem por trauma de motociclista é muito grande. Eu acredito que entre 500 e 600 pacientes por mês é o que a gente recebe por trauma relacionado a moto aqui no Santo Antônio. É espantoso", afirmou a médica coordenadora do pronto-socorro do Hospital Santo Antônio, em Blumenau, Natália Zimmermann.
Em outras unidades de saúde, a situação é a mesma. O Hospital Governador Celso Ramos, na capital, já atendeu mais de mil motociclistas este ano. O Regional de São José, na Grande Florianópolis, mais de 2,5 mil.
São pacientes que têm prioridade por causa da urgência e emergência dos atendimentos, o que aumenta ainda mais a espera de quem aguarda por cirurgias.
"Em geral, são fraturas expostas. Principalmente dos membros inferiores, as pernas, a bacia. Ficam dias sem trabalhar, precisam ficar internados muitas vezes. É uma coisa que causa bastante ônus para a população, para os empregadores também e para o próprio hospital", disse Zimmermann.
'Todo cuidado é pouco'
Em muitos casos, o acidente é provocado pelo próprio motociclista. Em tantos outros, são os motoristas dos outros veículos que não respeitam os pilotos das motos. "O perfil ainda está nos mais jovens. Eles se arriscam bem mais do que uma pessoa mais madura", afirmou o especialista em trânsito Emerson Andrade.
O chefe de socorros dos bombeiros sargento Rafael Martins fez uma recomendação: "o motociclista tem que ter em mente que ele é o mais prejudicado. Geralmente, ele é o mais prejudicado nos acidentes. Então, todo cuidado é pouco".
Emerson Andrade também aconselha. "Uma sugestão aos motociclistas: que diminuam a velocidade. Quando ele diminui a velocidade, ele consegue perceber melhor tudo aquilo que vai acontecer ao seu redor. Se o veículo vai parar, se vai convergir. A velocidade hoje é um grande vilão dos acidentes", disse.
"Eu sei que muita gente não vai largar porque pensa 'nunca vai acontecer comigo'. Mas se puder largar, larga. E quem não quiser largar, dobra a atenção, multiplica a atenção para não acontecer a mesma coisa", finalizou Jackson.