Após exigir que fabricantes informassem sobre a presença de alergênicos e de lactose nos alimentos, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve mudar novamente o sistema de rotulagem dos alimentos no Brasil. A agência planeja exigir o uso de cores que alertem para ingredientes em excesso. Altas quantidades de sódio, por exemplo, poderiam estar marcadas em vermelho. Uma outra mudança deve ser o uso de figuras geométricas para sinalizar substâncias que podem fazer mal.
Pesquisas analisadas pela agência mostram que a atual tabela nutricional é de difícil compreensão. Segundo a Anvisa, o formato é pouco atrativo e exige esforço do consumidor. Também são necessários conhecimentos nutricionais e tempo para entender a tabela. O tema está na agenda regulatória da agência e reuniões periódicas estão sendo organizadas. Também uma consulta pública sobre o tema deve ser realizada nos próximos meses.
Você costuma ler os rótulos nas embalagens dos produtos? Entende o que dizem?
De fato, a tarefa não é simples. Interpretar números e nomes diferentes dos que usamos no cotidiano exige um pouco de conhecimento nutricional. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, entre junho e julho de 2016, aponta que 25% das pessoas entendem totalmente o que está escrito na tabela nutricional e os ingredientes que constam nos rótulos. Outras 35% compreendem quase totalmente e 31%, parcialmente. Já 8% dos entrevistados disseram que compreendem muito pouco o que está escrito e 0,4%, nada.
Em enquete realizada On-line, em que 478 leitores participaram, 51% dos internautas informaram que costumam ler os rótulos, 32% leem às vezes e 16% não prestam atenção a esse tipo de informação.
Tamanho da letra, uso de termos técnicos e poluição visual do rótulo são fatores apontados pelos entrevistados que demonstraram dificuldades em compreender as embalagens.
Para facilitar o entendimento dos rótulos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) sugeriu simplificar alguns dados para os consumidores. Países como Reino Unido e Austrália já apresentam algum tipo de informação nutricional na frente da embalagem, como açúcar, gordural e sódio.
Informação é aliada contra obesidade
Diante do aumento da obesidade entre os brasileiros, conforme estudo divulgado pelo Ministério da Saúde, apontando crescimento de 42,6%, em 2006, para 53,8% em 2016, atentar para as propriedades dos alimentos tem se tornado cada vez mais necessário.
Mas, para a nutricionista pós-graduada em obesidade e emagrecimento Geórgia Hegedos, ainda falta muita informação sobre a qualidade dos alimentos. "Muita gente sabe da necessidade de olhar as calorias, contudo, por vezes, esquece de checar os ingredientes. É aí que mora o perigo", esclarece.
Os rótulos devem conter, obrigatoriamente, informações em quantidade por porção e em porcentagem. Além de valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra alimentar e sódio.
De acordo com Geórgia, o primeiro item descrito é o mais abundante do produto, o que já indica se ele é adequado para o consumidor. A caloria é a energia que o alimento fornece para o organismo. Neste quesito, o alerta é observar a porção apresentada.
"Às vezes, o pacote tem 100 gramas, mas, as calorias correspondem a uma porção de 30 gramas, por exemplo. Como não há uma padronização, na hora de comparar alimentos, é preciso calcular a proporção de uma marca para outra", ensina.