Os primeiros seis meses nas rodovias estaduais de Santa Catarina foram de aumento do número de mortes. Acidentes graves deixaram 145 pessoas mortas nos trechos fiscalizados pela Polícia Militar Rodoviária (PMRv), enquanto no mesmo período de 2016 foram 105 vítimas - crescimento de 38%. Por outro lado, os acidentes em geral foram 0,44% maior no primeiro semestre de 2017. O número de feridos graves cresceu 1% e os feridos leves tiveram leve queda, de 0,65%.
Entre os casos graves ocorridos nas SCs, está um acidente que deixou cinco pessoas mortas em Caçador, no Meio-Oeste de SC, em fevereiro deste ano. A causa foi uma batida frontal, apontada pela PMRv como a maior causadora do número de mortes nos trechos estaduais.
Responsável pela comunicação da corporação, o tenente-coronel Fábio Martins enxerga relação direta nas ultrapassagens em locais proibidos e excesso de velocidade com os acidentes. Por outro lado, ele garante que a polícia faz fiscalizações. Mesmo assim, admite que há uma pequena defasagem no efetivo na corporação e que os policiais são muito demandados pelas colisões, o que impede mais ações. "Temos feito fiscalização intensa em trechos considerados críticos. A viatura, sempre que possível, vai para o local fazer o controle. Infelizmente, a forma de conduzir de alguns motoristas é irresponsável e com imprudência. Só que além da fiscalização e da prevenção, temos muitos acidentes. Assim não conseguimos fazer mais abordagens".
Diferentemente das rodovias federais, onde há pontos duplicados, como na BR-101, a maioria dos trechos estaduais é de pista simples, o que aumenta ultrapassagens. A educadora e especialista em trânsito, Marcia Pontes, aponta para esta diferença de estrutura, aliada à imprudência, como fator preponderante às mortes. "Principalmente em pista simples, há menos luminosidade, mais árvores, o que dificulta a visão. São características que dificultam, além do fator humano, que age na mesma proporção das diferenças entre os trechos duplicados e de pista simples. As pessoas não percebem o risco".
O tenente-coronel Martins diz que uma das medidas de impacto em andamento para a redução dos números de mortes nas estradas estaduais é a volta dos controladores de velocidade. Segundo ele, a intenção da PMRv é comprar os equipamentos. Esse processo, afirma, está sendo executado pelo Departamento de Infraestrutura do Estado (Deinfra). A assessoria de imprensa do Deinfra, no entanto, nega que o órgão esteja tratando do assunto.
Queda de 23% nas estradas federais
Responsável por fiscalizar os principais trechos de estradas em Santa Catarina, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou 193 mortes em acidentes nos primeiros seis meses de 2017. O índice é 23,7% menor do que o dado de 2016, quando foram 253 vítimas. Colisões tiveram queda de 2,9%, assim como os feridos graves, que diminuíram 10%. Em relação aos feridos leves, houve um crescimento de 6,4%.
O inspetor responsável pela comunicação da PRF em SC, Adriano Fiamoncini, credita as reduções a fatores como a lei do farol, o reajuste no valor das multas e o aumento da fiscalização. "Não há como quantificar o aumento da fiscalização. Mas implantamos um novo método desde o final do ano passado de ficar com as viaturas em locais onde estatisticamente há maior chance de ocorrerem acidentes", explica.
Em relação à estrutura física, não houve qualquer alteração nas rodovias federais, o que leva o inspetor a apontar ações específicas como determinantes. Ele cita, por exemplo, o valor da multa de embriaguez ao volante, que antes era menos de R$ 1 mil e agora está próxima a R$ 3 mil. Além disso, Fiamoncini lembra da exigência, desde 2014, de os carros terem freio ABS e airbag, o que diminui o impacto das colisões.
Especialista alerta para redução de fiscalização
A educadora e especialista em trânsito, Marcia Pontes, vê com cautela a melhora nos índices. Ela alerta que recentemente a PRF anunciou um corte de recursos que vai reduzir as ações efetivas nas estradas, o que diminuirá a fiscalização. "O acidente ocorre ao longo de toda a via, aqui ou ali. A gente perdendo essa mobilidade da PRF com suas viaturas em diversos pontos, vamos à tendência de que haja mais acidentes. O condutor contumaz vai se sentir mais folgado para infringir a lei".
Quando somadas as estatísticas dos trechos estaduais e federais, houve uma diminuição de 5,9% nas mortes nos primeiros seis meses deste ano. Por outro lado, ocorreu uma redução no número geral de acidentes, de 1,4%. Os feridos graves reduziram 6,3%, enquanto os feridos leves subiram 4%.