"É um período de muita dor e tristeza para a nossa família. Agora, pela saudade e também pela revolta, porque como todo mundo, temos pouca informação. O que aconteceu com ela é uma incógnita para a gente", conta Elizandra Senhor, sobrinha de Sueli Terezinha Trindade. Nesta quarta-feira (28), completam oito meses do assassinato da empresária, morta a tiros em frente à clínica que era proprietária, na Rua Quintino Bocaíuva, no centro de Chapecó. O crime foi na tarde de uma sexta-feira, em plena luz do dia.
A família da empresária mora em Bom Jesus do Oeste e acompanha o andamento das investigações. Elizandra conta que em contato com a polícia, foram informados que os trabalhos continuam e que existem linhas de investigação. "Eles nos falaram que está sendo investigado e é sigiloso, mas ainda não tem uma verdade sobre o que aconteceu com ela", conta. Muitas das informações que chegaram à família, foram pela imprensa e via redes sociais. "Soubemos pelas redes sociais que a clínica dela está sendo investigada. Mas é o que a gente sabe até hoje", disse.
Enquanto isso, o que fica é a tristeza e a saudade, que são companheiros constantes da família da empresária. "Tem as coisas dela aqui em casa, o cantinho dela. Nos fins de semana, ela e as crianças vinham nos visitar, almoçavam com a gente, brincavam. É um fardo bem pesado que a nossa família está carregando. Emocionalmente, ainda estamos nos reconstruindo", conta. Atualmente, os filhos de Sueli moram com o pai e mantêm uma rotina de visitas à família de Sueli em Bom Jesus do Oeste.
Investigação continua
O delegado do Setor de Homicídios da Divisão de Investigação Criminal (DICFron), Felipe Odara Rezende de Aquino, explica que 13 pessoas foram ouvidas após o crime, mas que nenhuma das informações que chegaram e foram apuradas pela Polícia Civil trouxeram elementos que comprovassem a autoria do crime ou mesmo a motivação.
No dia do crime, algumas imagens das câmeras de monitoramento mostraram um homem fugindo correndo do local, que seria o suspeito do crime.
O delegado destaca que não foi possível identificar o suspeito e que ele não foi localizado até o momento. "Tivemos acesso a outras câmeras de monitoramento que mostram aquele homem passando algumas vezes pelo local e levantou suspeita. Mas nenhuma delas (câmeras) filmou a ação do crime. Há um indicativo que possa ser ele, mas não temos como afirmar com certeza", diz. Apesar disso, a circunstância do crime indica para uma execução. "Ela tinha uma alta quantia em dinheiro, um celular relativamente caro, além do carro e joias e nada foi levado. Pela circunstância podemos dizer que foi uma execução", afirma.
Pedido ao MPF
Aquino conta que recentemente o Ministério Público Federal (MPF) solicitou à Polícia Civil informações sobre a investigação da morte da fonoaudióloga, que era proprietária de uma das clínicas investigadas na Operação Manobra de Osler. E que agora a Polícia Civil fará a solicitação ao MPF, pedindo o compartilhamento de informações sobre essa investigação, na tentativa de identificar alguma informação que ajude na apuração do homicídio.
"Vamos fazer essa solicitação ao MPF para ver o que eles tem e se eles podem compartilhar com a gente e que talvez possa nos auxiliar na nossa investigação. Pode ser que nos ajude, pode ser que não", explica.
Crime em plena luz do dia
Sueli Terezinha Trindade foi assassinada por volta das 17h em 28 de outubro de 2016, quando saia da clínica que era proprietária para buscar os dois filhos na escola. O crime foi em plena luz do dia e chocou trabalhadores, moradores e colegas da vítima. Guarnições da PM faziam rondas pelo local quando foram chamadas por moradores e trabalhadores daquela região que encontram a mulher caída na rua. O socorro foi chamado, mas ela morreu no local. Testemunhas contaram aos policiais que Sueli estaria desativando o boton de estacionamento quando foi surpreendida por um homem armado. Ele disparou uma vez contra Sueli que caiu. Quando a vítima já estava no chão, o homem fez mais um disparo contra a vítima.
Testemunhas indicaram um homem que teria fugido correndo do local após o crime. Imagens das câmeras de videomonitoramento captaram imagens de um suspeito seguindo em direção à Rua Porto Alegre. A PM fez buscas, mas não localizou o homem. A Polícia Civil descartou a possibilidade de um latrocínio, já que nada foi levado de Sueli. Na bolsa da empresária havia uma quantia considerável em dinheiro, celular, joias usadas pela vítima e o próprio carro de Sueli que estava estacionado no local. O corpo de Sueli foi transladado para Bom Jesus do Oeste onde foi enterrado.