Uma deputada boliviana entregou nesta terça-feira (20) ao Ministério Público Federal (MPF) documentos relacionados à investigação na Bolívia sobre a queda do avião com a delegação da Chapecoense, que caiu no dia 29 de novembro de 2016 na Colômbia. No total, 71 pessoas morreram, entre integrantes da equipe, jornalistas e tripulantes. Houve seis sobreviventes.
"A minha intenção é ajudar no andamento das investigações", disse Erika Justiniano Negrete à RBS TV. A deputada, que é de um partido de oposição ao governo boliviano, informou ter reunido alguns documentos úteis para o Brasil. Ela também denuncia que fez pedidos formais ao governo para obter mais dados, sem sucesso.
Até a publicação desta notícia o G1 aguardava o posicionamento do MPF em Chapecó sobre os documentos apresentados.
"Eu acredito que não há somente uma irresponsabilidade do governo, mas também acobertamento, porque até agora não se sabe com certeza o que vai acontecer. Há um acobertamento, por isso estou aqui para saber a verdade. O que estamos fazendo agora é averiguar e saber a verdade. Para isso estamos aqui em Chapecó, averiguar o que aconteceu, conversar com as famílias, saber um pouco da realidade. Também estou trazendo os documentos que trago da Bolívia para mostrar que estou investigando o caso", disse a deputada em entrevista ao SporTV.
A diretoria da Chapecoense também recebeu a mesma documentação da deputada. A investigação sobre o acidente na Colômbia com o avião da companhia boliviana ocorre simultaneamente no Brasil, na Colômbia e na Bolívia.
Responsabilidade
Em dezembro, o governo boliviano disse que o piloto e a companhia aérea LaMia foram os responsáveis pela queda do avião.
"A primeira conclusão é que a responsabilidade direta pelo acidente é da empresa (LaMia) e o piloto (Miguel Quiroga)", disse o ministro de obras públicas da Bolívia, Milton Claros, segundo o jornal "El Deber".
Autoridades da Colômbia já haviam afirmado que o avião da Lamia estava sem nenhum combustível quando bateu contra uma montanha.
De acordo com o governo boliviano, o estado "assumiu ações contra funcionários públicos que não realizaram seu trabalho", além de medidas legais contra a empresa aérea e seus funcionários. Outra medida foi uma nova vigilância em todo o sistema aeronáutico da Bolívia para evitar acidentes.
Plano de voo
O plano de voo previa uma rota direta entre Santa Cruz de la Sierra e Medellín. Essa opção da tripulação será objeto de apuração pelos investigadores colombianos. Isso porque a autonomia da aeronave, cerca de 3.000 km, era quase a mesma da distância entre as duas cidades. A legislação boliviana obriga um avião a ter combustível suficiente para chegar ao destino, a um aeroporto de alternativo e ainda mais 45 minutos de voo em altitude de cruzeiro.
Documentos obtidos pela rede de televisão CNN em Espanhol apontam que o avião da empresa área boliviana LaMia - que transportava a delegação da Chapecoense e caiu no dia 29 de novembro de 2016 na Colômbia - não estava coberto pelo seguro no dia da tragédia.
O acidente
A aeronave bateu contra o solo numa montanha e perdeu a cauda. Depois as asas e a cabine impactaram do outro lado da montanha. O avião bateu em baixa velocidade contra a montanha, 250 km/h, o que permitiu ter havido sobreviventes --que estavam em posições diferentes da cabine de passageiros.
O avião havia sido fretado pela Chapecoense. Levava atletas, dirigentes, jornalistas e convidados para a partida contra o Atlético Nacional, pela final da Copa Sul-Americana.