O Facebook apresentou nos últimos dias um projeto que se propõe a decodificar pensamentos diretamente no cérebro e transformá-los em mensagens escritas, sem a intervenção da fala ou de um teclado.
A iniciativa foi apresentada durante uma conferência anual de desenvolvedores de aplicativos do grupo, realizada na Califórnia, nos Estados Unidos, na última quarta-feira, dia 19. O objetivo é que a tecnologia já esteja disponível dentro dos próximos dois anos.
"E se pudéssemos digitar do nosso cérebro para um computador? Isso está mais perto do que podemos imaginar", disse Regina Dugan, executiva do Facebook. O novo recurso, que ainda está em fase de desenvolvimento, "poderia um dia se tornar uma prótese de linguagem para pessoas com transtornos de comunicação, ou uma nova forma de dar instruções na realidade aumentada", argumenta.
A empresa criou uma equipe de mais de 60 cientistas e engenheiros especializados em tecnologias de inteligência artificial para compreender a linguagem, os sistemas de imagens cerebrais e as próteses neurológicas. Com isso, eles buscam desenvolver um sistema capaz de decodificar as palavras na parte do cérebro que aloja o centro da linguagem e transcrevê-las diretamente em um computador a uma velocidade de cem palavras por minuto, cinco vezes mais rápido que o tempo necessário hoje para escrevê-las na tela de um smartphone.
Para utilizar a tecnologia não será necessário implantar eletrodos cirurgicamente, apenas vestir "sensores não invasivos", que ainda estão sendo desenvolvidos. "Um dia queremos transformá-los em uma tecnologia wearable (ou "vestível", em português) que possa ser produzida em grande escala", disse o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, em uma mensagem publicada na rede social.
Outros projetos
A executiva Regina Dugan disse ainda que eles também estão trabalhando em sensores que permitirão "ouvir" através da pele. Assim, o que sentem com o tato seria convertido em palavras, em uma variação de como o ouvido transforma vibrações em sons compreensíveis.
"Nossos cérebros têm a capacidade de construir linguagem a partir de componentes. Eu sugiro que um dia, não tão longe, talvez seja possível que eu pense em mandarim e que vocês o escutem instantaneamente em espanhol", afirmou a diretora, acrescentando que tal tecnologia, porém, ainda levará anos para ser desenvolvida.