Corpo de Bombeiros de Santa Catarina trabalha atualmente com um efetivo abaixo do indicado para atender a população. O número ideal para o estado deveria ser de cinco mil, mas na prática, são menos da metade, apenas 2.468, como mostrou o Jornal do Almoço desta sexta-feira (21).
Em Chapecó, no Oeste catarinense, das quatro ambulâncias disponíveis para o atendimento à população, apenas uma está em uso, por falta de gente para operar a viatura.
"Para nós, isso acaba gerando um sentimento de frustação na medida em que você tem equipamentos disponíveis para atendimento, mas não tem o recurso humano necessário", disse o tenente coronel Hilton de Souza Zeferino, comandante do 6º Batalhão dos bombeiros de Chapecó.
Morte em Faxinal dos Guedes
Em Faxinal dos Guedes, também no Oeste, a situação foi ao extremo nessa semana. Uma mulher de 72 anos morreu em um incêndio. Quando o fogo começou, a unidade dos bombeiros estava fechada por falta de efetivo. A equipe que atendeu precisou se deslocar quase 20 quilômetros. Os bombeiros de Xanxerê demoraram quase 20 minutos para chegar à casa da idosa.
A equipe da RBS TV, que foi até a frente da residência, cronometrou o tempo do batalhão dos bombeiros de Faxinal dos Guedes até a casa e e levou dois minutos no deslocamento. "Tamos tudo triste né, ela não merecia morrer numa situação dessas", disse a prima da vítima Maria Justino Maia.
"Nessa base, estamos com o número de bombeiros reduzido, não conseguimos fazer aquele atendimento. Uma das guarnições estava comprometida, por isso que aconteceu. Aliás, essa é uma prática que acontece em muitas cidades, como inclusive na Grande Florianópolis. Quando temos um evento de maior proporção onde aquela unidade não consegue atender, imediatamente acionamos um plano para execução. E foi o que aconteceu na cidade, claro, com prejuízo no tempo-resposta", explica o coronel Cesar Nunes, comandante da 1ª região dos Bombeiros Militar.
Situação pode se repetir
O comandante dos bombeiros de Faxinal dos Guedes teme que a situação possa se repetir. "Hoje, nós não conseguimos manter o trabalho 24 horas de forma ininterrupta em Faxinal dos Guedes. Nós vivemos as mesmas ameaças em diversos quartéis da nossa região, temos severas dificuldades para manter esses quarteis abertos quando há um afastamento desses bombeiros militares e temo que a situação atual de Faxinal possa vir a acontecer em outros municípios caso não tenhamos concurso público rapidamente", disse o comandante Walter Parizotto.
Novo concurso
O concurso público mais recente ocorreu em 2013. O governo do estado autorizou na quinta-feira (21) a realização de um novo concurso, mas demoraria ainda pelo menos um ano para que o processo fosse concluído e os aprovados passassem a atuar nas cidades.
Em Itajaí, a alternativa foi chamar bombeiros aposentados para auxiliar no trabalho administrativo e liberar os mais novos para atender as ocorrências. No Oeste, um estudo técnico foi feito pra fechar os quartéis de Água Doce, Catanduvas e Piratuba. Havia sido planejado o remanejamento do efetivo para centralizar o atendimento, mas o comando desistiu da ideia. Ainda assim, a situação na área é crítica, pois 60 bombeiros têm a responsabilidade de atender 18 cidades.
Por isso estamos fazendo essa reengenharia, que não é de hoje, para que a gente consiga suprir, muitas vezes movimentando o efetivo de um lado para outro para que aquela guarnição daquela cidade consiga estar funcionando com o mínimo necessário
No Bom Dia Santa Catarina, o comandante geral do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina, Coronel Edupércio Pratts, falou sobre o fechamento de quartéis.